
A arte pública entre património e ideário. O itinerário artístico de Siah Armajani
Author(s) -
José Guilherme Abreu
Publication year - 2020
Publication title -
revista lusófona de estudos culturais
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2184-0458
pISSN - 2183-0886
DOI - 10.21814/rlec.2215
Subject(s) - art , public art , humanities , context (archaeology) , sculpture , democracy , art history , politics , political science , visual arts , geography , law , archaeology
Siah Armajani (1939-) é um escultor de origem iraniana que ainda muito jovem emigrou
para os EUA, onde empreendeu uma carreira artística, sediada em Minneapolis, no Minnesota.
Para além de autor de uma vasta e reconhecida obra escultórica, Armajani é também um ensaísta,
sendo autor do texto “Manifesto public sculpture in the context of american democracy”
(Armajani, 1995), que acompanhou a exposição “Espaços de Leitura” que apresentou, em 1995,
no Museu d’Art Contemporani de Barcelona (MACBA). O interesse da obra de Armajani decorre
da mesma resultar de um inequívoco engagement a um ideário sócio-utópico-artístico que
problematiza o estatuto do regime autoral, e que rejeita a autorreferencialidade da obra, circunstância
rara no contexto da produção artística contemporânea. Esteticamente contemporânea, a
obra de Armajani logra resolver um dos dilemas mais amargos da arte moderna e contemporânea,
formulado por Arnold Schoenberg: “se é arte, não é para todos, e se é para todos não é arte”
(Schoenberg, 1950, p. 124). Curiosamente, o ideário veiculado por Armajani não é em absoluto
inédito. Em múltiplos aspetos o mesmo coincide com o do movimento em prol da arte pública
que se formou na Bélgica, nos finais do século XIX, e que deu origem à organização de quatro
congressos internacionais de arte pública, dois deles com participação portuguesa documentada,
aspeto por onde se inicia o presente estudo.