Uma análise comparativa entre o “Ensaio sobre a cegueira” de Saramago e o “Mito da caverna” de Platão

A partir do aporte teórico advindo da Literatura Comparada, este estudo analisa comparativamente elementos constituintes do “Ensaio sobre a Cegueira” de Saramago (1995) e o “Mito da Caverna” de Platão (1956). Os procedimentos metodológicos adotados consistiram na revisão de literatura sobre o tema, extração de fragmentos que sinalizam a presença direta de um dialogismo entre as referidas obras e, por fim, a análise comparativa entre os textos. Conceitos tais como o de intertextualidade e dialogismo oriundos da teoria dialógica de Bakhtin (1988; 2006), reverberadas por Fiorin (2017), se revelaram frutíferos nessa investigação. Por se tratar de um estudo bibliográfico, os seguintes autores foram consultados: Carvalhal (2006), Brait (2005; 2009), Brunel, Pichois e Rousseau (2012), Massaud Moisés (2014) e Barros e Fiorin (2011), entre outros. Os resultados indicam que a relação entre os textos revela um diálogo permanente entre o tema central abordado pelo escritor português e o discurso filosófico do pensador grego: a metáfora da cegueira. Esta “cegueira” torna-se um dos elementos intertextuais que servem de mote para um exame das sociedades retratadas nas obras.