Mudanças climáticas e seus efeitos no Litoral Médio do Rio Grande do Sul

A discussão sobre as mudanças climáticas têm sido muito frequente nos últimos anos, devido aos efeitos estarem atingindo o ambiente, a sociedade e a economia. Os efeitos das mudanças do clima geralmente são abordados em uma escala global, porém, há a necessidade de se explicar, em escala regional, os efeitos que o clima tem ocasionado em consonância com os aspectos socioeconômicos regionais. Identificar os efeitos climáticos em escala regional e traçar sua influencia na economia e na sociedade é um desafio para o planejamento de políticas de mitigação e adaptação ao clima. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo identificar os impactos sociais, ambientais e econômicos das mudanças climáticas no Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Foram realizados levantamentos bibliográficos e registros documentais sobre o histórico de eventos climáticos intensos com danos socioeconômicos ocorridos no Litoral Médio. A identificação das projeções climáticas para o sul do Brasil foi realizada através de relatórios governamentais, em que foram analisadas as tendências anuais e das estações. Para a caracterização socioeconômica e ambiental foi realizada pesquisa bibliográfica e quantitativa sobre a demografia do Litoral Médio. Foram identificados 132 eventos climáticos ocorridos de 1972 a 2015, que causaram desastres no Litoral Médio. Esses eventos foram divididos em 4 categorias sintéticas que são: chuvas intensas, seca, granizo e vendaval. As projeções climáticas identificadas foram realizadas para o período de 2071 – 2100 em que se identifica a tendência de um período mais seco, com 10 a 20% menos pluviosidade em relação aos registros climatológicos de 1961-1990. Porém, nos outonos se prevê aumento de precipitação que pode variar de 10 a 40%. Em relação à caracterização socioeconômica identificou-se que os municípios do Litoral Médio possuem populações em vulnerabilidade social que estão sendo impactadas frequentemente por desastres, como as enchentes ocorridas em Tapes nos anos de 2009, 2012, 2014 e 2015 que danificaram residências. Assim, se faz  necessário estimular um amplo debate com as sociedades locais, poder público e as instituições  para que sejam elaboradas e aplicadas políticas públicas para a mitigação e adaptação a tais mudanças climáticas.