
E QUEM DISSE QUE NÃO É SEU LUGAR? POR UM TURISMO DEMOCRÁTICO E INCLUSIVO PARA NEGROS E NEGRAS.
Author(s) -
Michel Alves Ferreira,
Lindamir Salete Casagrande
Publication year - 2018
Publication title -
revista mundi sociais e humanidades
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2525-4774
DOI - 10.21575/25254774rmsh2018vol3n2665
Subject(s) - humanities , philosophy
A partir de provocações teóricas e, tendo como conceito chave a interseccionalidade, este artigo tem como objetivo central discutir criticamente como se dá e são percebidas a presença das pessoas negras no exercício da atividade turística. Parte-se da tese de que a baixa presença de pessoas negras em espaços turísticos no país se deve a práticas interseccionais e estruturantes de gênero, classe e etnia/raça, especialmente nas gêneses da configuração societal brasileira, uma vez que são raras as métricas elaboradas por agências de fomento oficiais que contemplam informações sobre sexo, gênero e etnia/raça autodeclaradas. A natureza metodológica deste texto é de ordem teórico/interpretativa, a partir de seleção de textos que corroboram com o conceito de interseccionalidade. Buscou-se apresentar dados do ano de 2015 e 2016, de agências de fomento de turismo oficiais e da iniciativa privada, para sustentar a tese central defendida, bem como excertos de dados acerca da situação social das pessoas negras no Brasil. Destarte, foram trazidos fragmentos de quatro relatos on-line de pessoas negras envolvidas com o fenômeno turístico, seja como anfitriões de acomodações turísticas, seja como viajantes. Pensar em um turismo democrático e inclusivo aos sujeitos, especialmente àqueles e àquelas pessoas estigmatizadas em razão de sua cor de pele, origem étnica, diversidade de gênero e condições econômico culturais, remete a ter um exercício de coragem individual e coletiva de reconhecer a humanidade nas intersubjetividades postas pelo outro, dialógica e dialeticamente.