Open Access
O conceito de Ataque Global Imediato: premissas equivocadas, consequências perigosas
Author(s) -
Guilherme Simionato dos Santos,
Marco Cepik
Publication year - 2017
Publication title -
carta internacional
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2526-9038
DOI - 10.21530/ci.v3n12.2017.684
Subject(s) - humanities , political science , philosophy , physics
O artigo analisa criticamente o conceito estadunidense de Ataque Convencional Global Imediato (Conventional Prompt Global Strike – CPGS), bem como suas implicações para a segurança internacional. Trata-se de iniciativas que buscam desenvolver a capacidade de atacar – de forma convencional, precisa e sem depender de bases avançadas – alvos localizados a longas distâncias (pelo menos 1.500 km) em um curto período de tempo (velocidades acima de Mach 5). O conceito tem duas premissas equivocadas. A primeira corresponde ao que Patrick Porter (2015) chamou de “globalismo” tático, ou seja, a crença de que ataques convencionais em escala global não seriam mais constrangidos pela distância. A segunda é o que James Acton (2013) chamou de “mito da bala de prata”, a busca por uma inovação capaz, por si só, de reverter tendências estratégicas e realidades políticas. Os projetos ligados ao conceito CPGS enfrentam dificuldades técnicas, orçamentárias e políticas. Caso sejam bem-sucedidos, suas consequências são perigosas. Em primeiro lugar, estimulam a competição e a emulação de soluções preemptivas com tempo operacional acelerado. Em segundo lugar, como o CPGS ameaça a capacidade de segundo ataque (retaliação) nuclear das outras grandes potências, sua implementação aumenta a instabilidade política mundial e os riscos de ultrapassagem não acidental do limiar nuclear.