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Equiparações de estabelecimentos a industriais por decreto: portas de papelão na fortaleza de pedra da legalidade!
Author(s) -
J. R. Vieira
Publication year - 2017
Publication title -
aandc
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1984-4182
pISSN - 1516-3210
DOI - 10.21056/aec.v16i65.273
Subject(s) - humanities , decree , political science , philosophy , law
O presente trabalho analisa a providência do Decreto nº 8.393/2015, de equiparar a industrial certos estabelecimentos atacadistas, a partir da autorização da Lei nº 7.798/1989, sujeitando-os ao IPI. Demonstra que a tomada de tal medida por decreto, ato normativo oriundo do executivo, não do legislativo, viola os princípios constitucionais da Legalidade e da Tipicidade Tributárias, bem como atenta contra os seus fundamentos constitucionais: os princípios gerais da República e da Democracia, que, com sua essência no autogoverno, conectam-se aos primeiros pela ponte da representatividade popular que também os caracteriza. Examina o sentido histórico da Legalidade Genérica e Tributária, desde a Magna Carta inglesa de 1215, identificando-lhe o âmago na ideia de autotributação, bem como traçando a sua noção conceptual. Evidencia a impossibilidade de delegação legislativa para a instituição de tributos, inclusive as delegações disfarçadas; bem como para estabelecer novos sujeitos passivos. O texto conclui que, diante de excessos regulamentares como os do caso em tela, cabe a missão profética da denúncia das inconstitucionalidades tanto da iniciativa do executivo quanto da licença do legislativo.