
O APORTE SEDIMENTAR ÀS PRAIAS DA CIGANA E DO CARDOSO, CABO DE SANTA MARTA, SANTA CATARINA, BRASIL
Author(s) -
Julio F. de Oliveira,
Frederico M. Scarelli,
Eduardo Marques Martins,
Eduardo Guimarães Barboza,
Marina Refatti Fagundes
Publication year - 2017
Publication title -
revista brasileira de geomorfologia
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.222
H-Index - 5
eISSN - 2236-5664
pISSN - 1519-1540
DOI - 10.20502/rbg.v18i2.1160
Subject(s) - geology , geography , geomorphology , humanities , hydrology (agriculture) , art , geotechnical engineering
O Cabo de Santa Marta (Laguna/SC) marca uma brusca mudança na orientação do litoral sul do Brasil. O vento NE é predominante ao longo do ano e incide da terra para o mar nas praias ao sul do cabo, o que representa um fator de entrada de sedimentos no sistema praial, juntamente com o aporte pela deriva litorânea e a contribuição continental da drenagem da região. No presente trabalho propõe-se uma análise integrada da dinâmica sedimentar na porção emersa e submersa das praias da Cigana e do Cardoso, através da; (i) caracterização do clima de ventos e o potencial de deriva eólica na região; (ii) análise das mudanças históricas no campo de dunas e na linha de costa; e (iii) avaliação do regime de ondas e transporte sedimentar pela deriva litorânea. Os resultados demonstraram uma significativa diminuição na área de dunas móveis entre 1938 e 2012, devido ao aumento em áreas de dunas estabilizadas pela vegetação, de planícies de deflação e de áreas urbanizadas. Nesse mesmo período a linha de costa apresentou uma tendência geral de retrogradação com taxas acima de 0,5 m/ano, intensificada a partir de 1978. O processo de estabilização das dunas móveis provavelmente ocasionou uma diminuição do aporte eólico ao sistema praial nas últimas décadas. Esse processo pode ter alterado o equilíbrio sedimentar das praias da Cigana e do Cardoso, tornando-as dependentes principalmente do suprimento da deriva litorânea. O modelo proposto para o transporte longitudinal gerado pelas ondas indicou que há um limite divergente entre células costeiras nesse setor da costa, o que não propicia o aporte de sedimentos marinhos para as praias de estudo. Dessa forma, além de ser um local sob influência de correntes de deriva com sentidos opostos, a presença do cabo se configura como uma barreira física ao transporte de sedimentos provenientes de células costeiras ao norte da área.