
Missões jesuíticas dos Sete Povos e o Tratado de Madri (1750): protagonismo, resistência e autodeterminação dos índios na luta pela terra
Author(s) -
Mateus Brunetto Cari,
Paula Faustino Sampaio
Publication year - 2019
Publication title -
revista tellus/tellus
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2359-1943
pISSN - 1519-9452
DOI - 10.20435/tellus.v19i38.534
Subject(s) - humanities , philosophy
Este estudo aborda o processo de resistência dos guarani das missões dos Sete Povos entre os anos de 1750 e 1756 contra o Tratado de Madri (1750), destacando como a resistência indígena se configura enquanto um processo de reconhecimento de direitos e de diferenças sociais, econômicas e culturais em relação ao modelo colonial. Desse modo, a resistência dos guarani-missioneiros ganha contornos de autodeterminação de sujeitos subalternizados no aporte teórico decolonial. Nesse sentido, este artigo aborda, brevemente, o processo de transformação cultural e constituição da identidade étnica guarani-missioneiro, e como a luta contra as prerrogativas do Tratado de Madri foi uma busca por manutenção da unidade étnica constituída no cosmos missioneiro. A partir disso, aborda-se a consciência dos guarani-missioneiros de sua importância nos meandros geopolíticos dos séculos XVII e XVIII na região platina e, de igual modo, problematiza-se a situação de negociações entre os indígenas e outros atores que compunham o cenário geopolítico da região, afinal, quando obrigados a saírem de suas terras, os guarani-missioneiros resistiram, advertindo a elite colonial dos seus feitos em prol da Espanha. O objetivo central é, pois, apresentar o protagonismo indígena no processo de luta pela terra e por seus direitos, através de uma perspectiva epistemológica que transcenda as velhas análises eurocêntricas e etnocêntricas sobre o passado missioneiro: em termos historiográficos, utilizaremos estudos comprometidos com um olhar crítico das fontes, tais como Meliá (1978), Kern (1982), Neumann (2015) e Langer (2005).