
Gênero e raça em casa-grande & senzala e “democracia racial” no Brasil contemporâneo
Author(s) -
Héctor Fernando Segura-Ramírez
Publication year - 2003
Publication title -
temáticas
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2595-315X
pISSN - 1413-2486
DOI - 10.20396/tematicas.v11i21/22.13562
Subject(s) - humanities , sociology , art
O trabalho focaliza a obra Casa-grande & Senzala de Gilberto Freyre (1933) e determina as formas como são apresentadas no discurso do autor as inter-relações entre sexo/gênero, raça e classe nos processos de construção dos indivíduos e dos grupos sociais. Noutros termos, evidenciamos como esse autor constrói de uma forma hierárquica, racializante e sexualizada, as diferenças entre os três grupos sociais, brancos, negros e indígenas, que estão na gênese da sociedade brasileira. Isto é, primeiro, como são construídos discursivamente por Freyre, homens e mulheres nesses grupos; segundo, como são construídas de forma hierárquica e contrastiva as masculinidades dos homens negros, brancos e indígenas; terceiro, como ele vê as relações de gênero e raça entre os membros desses grupos: homem branco/mulher branca, negra e indígena; homem negro/mulher branca, negra e indígena; homem indígena /mulher branca, negra, indígena; e, porúltimo, como na construção dessas identidades raciais e sexuais são incorporados os estereótipos negativos a respeito dos grupos historicamente subordinados.Dividido em três partes, o artigo focaliza na primeira delas, as relações raciais no mito das três raças presente em CGS, enquanto peça fundamental da memória coletiva nacional que não é outra que a memória coletiva do grupo branco dominante imposta como a memória coletiva oficial da nação. Na segunda parte intitulada: Hierarquias, racialização dos sexos e sexualização das raças, é focalizada a questão da construção discursiva realizada por Freyre dos grupos humanos que estão na gênese da nação a partir das categorias sexo/gênero, raças e classe. Também abordamos a questão dos “papéis” e do status sociais atribuídos aos grupos construídos pela pena do autor. Na terceira parte abordamos o anti-racismo freyriano, o seu conteúdo e as suas características. Por último, nas considerações finais articularmos nossa análise à defesa atual feita da democracia racial por acadêmicos das relações raciais para indagar: afinal de contas quais são os interesses materiais e simbólicos implicados nessa defesa ferrenha no mito das três raças como a essência da identidade nacional brasileira?