
Aprendizagens da cidade: corporeidades em intervenções urbanas
Author(s) -
Juliana Soares Bom-Tempo
Publication year - 2015
Publication title -
rua
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2179-9911
pISSN - 1413-2109
DOI - 10.20396/rua.v19i2.8638118
Subject(s) - humanities , art , philosophy
Este artigo tem como processo investigativo as configurações dos corpos cotidianos que ocupam e configuram o espaço urbano. As corporeidades sendo atravessadas por componentes da cidade: o trânsito em suas micro tensões, o ritmo de vida acelerado, as mídias (propagandas, panfletos, outdoors), as privações das relações nas ruas, a produção de corpos dóceis. Assim, as configurações corpóreas atravessados pelos fluxos da megamáquina cidade na atual sociedade dispararam o pensamento do que seriam corpos urbanos. Diante disto, pesquisamos os potenciais de fabulações do corpo em processo educativo de questionamento e desterritorialização destes corpos, através dos processos de criação do grupo Caleidoscorpos – CIA do Movimento Espontâneo e de realização de Intervenções Urbanas na cidade de Uberlândia – MG, durante o ano de 2006, por meio da técnica de dança contemporânea Contato-Improvisação. Neste processo, a questão desta pesquisa é como são configurados os corpos urbanos atravessados pelos fluxos da cidade na atual sociedade de controle e quais são os potenciais de fabulações do corpo através de intervenções estéticas na cidade por meio do Contato-Improvisação nas dimensões de possíveis aprendizagens e rupturas nos corpos transeuntes e nos próprios corpos dançarinos. A megamáquina cidade funciona se autoproduzindo. Reproduzindo permanentemente seus componentes articulares compondo um sistema. Assim, busca componentes no exterior dela mesma. Entre estes componentes estão os corpos. Máquina autoprodutora e exterior a ela mesma em um processo de ambivalência simultânea. Esse processo se dá em uma política exterior, configurando relações de alteridade. Desta forma, corpo-corpos se configuram em processo complexo. Diante dos agenciamentos maquínicos da cidade, as Intervenções Urbanas promovidas com Contato-Improvisação possibilitaram a proliferação de aprendizagens no cotidiano urbano, amplificações de desvios que permitiram aos corpos, atravessados pela lógica da cidade, entrar em processos outros, violentados pela necessidade de encontrar signos para o que estará ali presente interferindo na rua, na praça, na calçada. Busca de um tempo perdido nos signos impositivos da rotina urbana da vida contemporânea. Possibilidades de redescobrir o tempo como linha de fuga de um cotidiano desprovido de poesia, de criação, de acontecimento.