
O luto e a História em De mim já nem se lembra, de Luiz Ruffato
Author(s) -
Marcos Vinícius Lima de Almeida
Publication year - 2017
Publication title -
remate de males
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2316-5758
pISSN - 0103-183X
DOI - 10.20396/remate.v37i1.8648285
Subject(s) - humanities , art , physics , philosophy
A partir da apropriação da noção de espectro em Derrida (1994), o presente ensaio propõe uma leitura do romance De mim já nem se lembra, de Luiz Ruffato (2016), cujo discurso dialoga com um evento histórico traumático: a Ditadura Civil Militar. Enquanto entidade espectral – o passado está desde sempre morto, mas mal enterrado. O espectro, desde Hamlet, é um ser disruptivo: é uma força desestabilizadora do presente. Seguindo essa analogia, é possível reconhecer três entidades espectrais no livro de Ruffato: Luizinho, o Ruffato criança; o irmão, José Célio, autor das cartas que o narrador encontra, e a própria história recente do país, marcada pela Ditadura Civil Militar. Esses espectros deixam rastros na obra: isto é, registros involuntários, que podem ser reconhecidos na materialidade do texto. Na primeira parte deste ensaio, há um esboço sobre a noção de espectro. Na segunda parte, apresento a leitura do romance à luz desse conceito. Ao final, há uma tentativa de síntese a partir da relação entre a escrita e a morte – na chave da escritura como uma espécie de túmulo.