z-logo
open-access-imgOpen Access
O humor em ruínas em Fim de Partida
Author(s) -
Tauan Fernandes Tinti
Publication year - 2011
Publication title -
remate de males
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2316-5758
pISSN - 0103-183X
DOI - 10.20396/remate.v30i1.8636265
Subject(s) - humanities , philosophy , art
O presente ensaio busca produzir uma reflexão sobre o humor em torno da peça Fim de Partida, de Samuel Beckett. A hipótese a ser explorada é a de que nela são colocados em questão diversos de seus procedimentos de forma altamente destrutiva, e a significação retroativa que seus destroços passam a ter adquirido nesse processo podem ser extrapolados de modo a produzir um pequeno vislumbre, de dentro da própria peça, sobre seu estatuto de obra de arte. Para tanto, faz-se uso principalmente da teoria freudiana do Witz, investigando a forma como Fim de Partida se relaciona a cada uma das categorias postuladas por Freud: o esvaziamento quase absoluto dos personagens impossibilita a descarga de riso proporcionada pelo Witz propriamente dito, revertendo-se em uma espécie de espasmo; a relação de superioridade estabelecida no cômico se encontra paradoxalmente subvertida na relação da peça com a tradição, que, por meio da paródia, surge em cena com a máxima força; por fim, o distanciamento que caracteriza a concepção freudiana do humor se encontra totalmente desvirtuado, simultaneamente servindo como forma de neutralização das reações dos personagens – e mesmo da platéia – e como proteção última da peça contra a própria realidade, materializando-se como a quarta parede que separa a ação dos espectadores. O resultado desse processo tem como horizonte a redução de todos os elementos de Fim de Partida, como afirma Adorno (1985), a “lixo cultural”, sendo o humor incapaz de fazer frente à desolação de um mundo em ruínas.

The content you want is available to Zendy users.

Already have an account? Click here to sign in.
Having issues? You can contact us here