
A coafinidade Baniwa
Author(s) -
João Vianna
Publication year - 2020
Publication title -
maloca
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2675-3111
DOI - 10.20396/maloca.v3i00.13502
Subject(s) - sociology , humanities , philosophy
O artigo busca situar as relações extraparentesco (de afinidade potencial) na construção do parentesco do Alto Rio Negro a partir de uma etnografia entre os Baniwa do rio Aiari, posicionando-se no debate sobre o dravidianato amazônico (cf. Viveiros de Castro, 2002). A partir de controvérsias classificatórias envolvendo categorias sociocentradas (fratrias e clãs) e egocentradas (terminologia dravidiana tripartida entre consanguíneos, afins e coafins), de casamentos viabilizados pela coafinidade (entre “filhos de mãe” ou aparentamento uterino) e de casamentos não prescritos, procura-se explicitar uma dinâmica onde parentesco agnático e uterino negam-se mutuamente sem que nenhum deles se estabeleça de modo fixo ou possa ser considerado paradigmático. Conquanto o parentesco agnático (com suas classificações sociocêntricas) seja mais saliente na descrição da região, busca-se no artigo instigar uma reflexão a respeito do parentesco uterino e sua codificação nos termos da coafinidade, que considere o coeficiente de afinidade das relações do parentesco amazônico. Evidencia-se uma dinâmica onde a agnação e a consanguinidade podem ser entendidas como subordinadas à cognação e à afinidade potencial. Por fim, espera-se demonstrar que a afinidade enquanto esquema de diferença explicita dinâmicas importantes entre parentesco e extraparentesco, entre os domínios humano e não humano, revelando as condições de produção de coletivos e parentes entre os Baniwa no Alto Rio Negro.