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Tradução da “Carta ao lorde Ellenborough”, de Percy Bysshe Shelley
Author(s) -
Renato Zwick,
Ludmila Menezes Zwick
Publication year - 2019
Publication title -
idéias
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2179-5525
pISSN - 0104-7876
DOI - 10.20396/ideias.v10i0.8656197
Subject(s) - humanities , philosophy , art
A carta ao lorde Ellenborough (1790-1871), escrita pelo poeta Percy Bysshe Shelley (1792-1822) em maio de 1812 em defesa de Daniel Isaac Eaton (1753-1814), condenado pela publicação da terceira parte de A idade da razão, de Thomas Paine (1737-1809), representa o posicionamento de um cidadão cuja arma, a escrita, o colocou em situações difíceis ao longo da vida. No ano anterior, Shelley já havia sido expulso de Oxford pelas opiniões expressas no texto A necessidade do ateísmo, e agora, nesta carta, o autor não apenas sai em defesa da liberdade de expressão de Eaton, que também pagou várias penas ao longo da vida, mas também de Paine. Thomas Paine é caro aos que se manifestam em favor da liberdade de abdicar da crença religiosa, e embora tenha sido exaltado num período de sua vida, viveu seus últimos dias na obscuridade; perderam-se inclusive seus restos mortais. Tendo participado das duas grandes revoluções de seu tempo – a norte-americana e a francesa –, compreende-se o porquê de tamanha reação do lorde Ellenborough à panfletagem de Eaton. Foi Paine o autor de obras-chave como Senso comum (publicado nos Estados Unidos em 1776) e Os direitos do homem (cuja primeira parte foi publicada na Inglaterra em 1791, e a segunda, em 1792), ambas com milhares de exemplares vendidos. Outras obras suas de radicalismo político são a Dissertação sobre os primeiros princípios do governo e da justiça agrária e A era da razão, ambas de 1795; para Paine, o homem apenas poderia esperar que o governo o deixasse em paz, já que este teria sido formado pela maldade humana. A seu ver, a primogenitura própria da aristocracia (esse monstro), com seus legisladores hereditários, seria tão ridícula quanto a existência de matemáticos hereditários. Além disso, julgava que a riqueza não era um atestado de caráter moral e que a miséria não deveria ser tolerada com normalidade. Defender alguém como Eaton, um divulgador das obras de Paine – autor que contribuiu tão intensamente para a democracia, mas que era tão malvisto e odiado que muitos desejavam nada menos que sua morte por enforcamento –, era uma atitude extremamente arriscada, mas Shelley pagou o preço, tendo sofrido retaliações em sua carreira literária, com o boicote de suas publicações e as consequentes e seriíssimas dificuldades financeiras.

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