
FA D’AMBÔ: Língua crioula de Ano Bom
Author(s) -
Gabriel Antunes de Araújo,
Ana Lívia Agostinho,
Alfredo Christofoletti Silveira,
Shirley Freitas,
Manuele Bandeira
Publication year - 2013
Publication title -
cadernos de estudos lingüísticos
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2447-0686
pISSN - 0102-5767
DOI - 10.20396/cel.v55i2.8637289
Subject(s) - art , humanities
O isolamento da ilha de Ano Bom, na Guiné Equatorial, e as condições sócio-históricas de seu povoamento permitiram o surgimento de duas línguas: o fa d’ambô e a língua das cerimônias dos sangitan e das viuvas. Neste texto, apresentamos um panorama do fa d’ambô, crioulo de base lexical portuguesa falado na Ilha de Ano Bom, na Guiné Equatorial. Em seguida, mostramos que o fa d’ambô não é a única herança linguística portuguesa na Ilha de Ano Bom, uma vez que, até os dias atuais, os anobonenses preservam uma variante linguística empregada em cerimônias religiosas. Embora a colonização portuguesa na Ilha de Ano Bom tenha sido irregular, os fatos linguísticos e culturais, um representado pela línguas fa d’ambô e cerimonial e o outro representado pela cultura cristã, são provas inequívocas da relação destes elementos com o mundo português, de um lado e, de outro lado, da sobrevivência de características únicas da civilização portuguesa na Ilha de Ano Bom. Mostraremos que o estudo das línguas da Ilha de Ano Bom é uma oportunidade para aumentarmos a nossa compreensão sobre a gênese do protocrioulo do Golfo da Guiné, em particular, sobre as línguas crioulas, em geral, e sobre o mecanismo de preservação de variedades semicristalizadas.