Em busca do tempo de aprender

O texto discute o tempo escolar enquanto jornada integral e organização social do tempo, tendo como base a experiência do Rio de Janeiro com o Programa dos CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública). A organização social do tempo é um elemento que, simultaneamente, reflete e constitui as formas organizacionais mais amplas de uma dada sociedade. Dentre elas, destaca-se o tempo de escola que, por ser a mais importante referência para a vida das crianças e adolescentes, tornou-se, no mundo contemporâneo, um pilar para a organização temporal da vida em família. Ao contrario de outros países europeus, nos quais as crianças menores ficam menos tempo na escola e esse tempo vai sendo progressivamente ampliado, no Brasil, são as crianças menores que permanecem mais tempo na escola. Quando pensamos sobre o tempo de escola no Brasil dois elementos de natureza antropológica entram em cena: a pouca segregação da criança em relação à vida adulta; o uso não rigoroso do tempo. Analisando o tempo tal como ele realmente se estabelece nas escolas públicas do Rio de Janeiro, observou-se que, a despeito da vigência de modelo convencional, sua prática é pouco rigorosa. O texto salienta que, na fase de implantação do Programa do CIEPs, tentou-se criar uma nova estruturação das atividades diárias, pois o sistema exigia um complexo padrão de organização do trabalho pedagógico, bem como das dinâmicas de deslocamentos e uso dos espaços. O texto conclui que o tempo social é constituído de um conjunto de relações entre categorias, que compõem um determinado contexto, neste caso, o contexto escolar. Um tempo de escola organizado de forma convencional e meramente duplicado em horas é desnecessário e ineficaz. A proposta de ampliação do tempo diário de escola só faz sentido de trouxer uma reorganização inteligente desse tempo e se levar em conta as peculiaridades culturais.