Sobre verdade e mentira, por Funes, el memorioso. A invenção de um diálogo entre Nietzsche e Borges

Este trabalho propõe uma aproximação entre Jorge Luis Borges e F. Nietzsche, a partir de algumas reflexões sobre tempo, memória e linguagem que aparecem em seus textos. Precisamente a aproximação se dá entre o conto do escritor argentino, "Funes, el memorioso", e o ensaio do filósofo, "Sobre verdade e mentira em sentido extramoral". A invenção ficcional, que cria uma personagem com a memória de um deus, reproduz quase textualmente passagens do ensaio filosófico, de modo que ambos se apeoximam no que diz respeito à limitação da memória humana. Esquecemos e por isso mentimos cada vez que pronunciamos uma simples palavra, como mesa. mas é também porque esquecemos que é possível pensar, gerar conhecimento e literatura. A crítica à desmemória e também à linguagem limitqda torna-se então um elogio à literatura, que lida com a imprecisão e, se desfazendo das metáforaas desgastadas, gera novas e inusitadas perspectivas sobre a "realidade". Eata, como veremos, se pensada a partir dos autores que aqui aproximamos, só poderá ser grafada se entre aspas, de modo que as fronteiras entre o que é tido como real e tido como se ficcional se diluem em amos os textos.