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Textos e Debates n°28
Author(s) -
Revista Completa
Publication year - 2016
Publication title -
textos and debates
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2317-1448
pISSN - 1413-9987
DOI - 10.18227/2217-1448ted.v0i28.3463
Subject(s) - art , philosophy , political science
Eis que a Revista Textos e Debates está fazendo, nesse ano de 2015, vinte anos. Em 1995, fruto da vontade e empenho de um grupo de professores dos cursos de Ciências Sociais e História, à época agrupados no então Centro de Ciências Sociais e Geociências – CCSG -, hoje Centro de Ciências Humanas – CCH -, a Revista vem contribuindo para divulgar pesquisas e a produção de conhecimento tanto da UFRR quanto de outras unidades acadêmicas do país e de fora do Brasil. Vemos, assim, que ao longo desses vinte anos a Textos e Debates cresceu, se fortaleceu e tomou uma dimensão para além das fronteiras nacionais. Temos hoje 28 números publicados, com mais de 200 artigos, abordando variadas temáticas na grande área de Ciências Humanas. Com uma nova equipe no Comitê Editorial, a partir da Edição de número sete a Revista passou a ser publicada semestralmente, com um forte empenho no sentido de garantir a regularidade e a periodicidade, além do esforço para dotar a Textos e Debates de um caráter mais nacional e menos regional, sem deixar, contudo, de refletir as tão importantes questões amazônicas. Assim, a ampliação da divulgação da Revista pelo país afora rendeu contribuições valorosas no campo das ciências sociais e humanas, além das já mencionadas contribuições de pesquisadores de outros países. Nova mudança aconteceu a partir da publicação da edição de número 18, quando a Revista passou a ser eletrônica, com alguns números sendo garantidos também na versão impressa. Acompanhamos, assim, uma tendência que vem se confirmando e consolidando, que é a publicação de periódicos nessa modalidade eletrônica. Finalmente, a vinculação da Revista com o Programa de Pós-graduação Sociedade e Fronteiras traz uma perspectiva nova, de ser veículo de publicação de pesquisas envolvendo as dinâmicas sociais, políticas e culturais que envolvem as regiões fronteiriças, particularmente na tríplice fronteira Brasil, Venezuela e República da Guiana, cuja compreensão requer diálogo com diversos campos do conhecimento. Assim, a Revista cresce e se fortalece também no campo das pesquisas interdisciplinares, refletindo, dessa forma, a complexidade própria da vida em regiões de fronteiras. Podemos dizer que hoje a Revista tem mais qualidade e se constitui num importante espaço de socialização de conhecimento, ferramenta fundamental para ampliar a produção do saber científico e filosófico. Dessa forma, constitui-se, também, numa arma para pensar e construir uma sociedade mais humana e mais justa. Essa edição especial, bilíngue, traz para os leitores alguns artigos publicados na Revista ao longo desses vinte anos, selecionados por retratarem as questões da região Amazônica abrangendo de forma mais ampla as diversas áreas do conhecimento, isto é, maior amplitude de interesses sobre a questão. Assim, trata-se de uma edição que ao mesmo tempo em que comemora os vinte anos da Revista, brinda a Região amazônica e os pesquisadores de diversas regiões do país e fora dele, que tem se debruçado a estudar e nos ajudar a compreender mais e melhor essa realidade. Assim, foram escolhidos oito artigos, publicados ao longo desses vinte anos, que apresentam uma reflexão sobre diferentes questões relacionadas ao espaço amazônico e suas fronteiras. O primeiro artigo, publicado originalmente em 2005, aborda uma temática de grande importância para a Revista e para a região amazônica, a questão indígena. Nesse artigo, Entre a maloca e a civilização: os indígenas no processo de colonização de Roraima no século XX, Raimundo Nonato Gomes dos Santos apresenta uma abordagem acerca da construção do não-lugar indígena que, para se constituir, precisou contar com a efetiva participação dos povos indígenas. Povos esses que tiveram, ao longo daquele século, participações diferenciadas nesse processo que o autor chama de modernização do espaço roraimense, ou da construção desse não-lugar que, para se constituir, precisava da “morte” do outro. Embora esses povos tenham sido constantemente “empurrados para as margens”, sua presença no contexto urbano não é “um fenômeno recente”. É o que irá abordar Luciana Marinho de Melo em A formação sociocultural de Boa Vista – Roraima e os povos Macuxi e Wapichana da cidade: processos históricos e sentidos de pertencimento. Para a autora, a presença dos povos Macuxi e Wapichana no espaço hoje configurado pela capital roraimense remonta a tempos longínquos, embora por vezes seja apresentada como “uma ocupação recente”. Após apresentar um panorama histórico sobre esses povos nesse espaço, conclui a autora: “temos, desse modo, uma estrutura político-administrativa municipal que apresenta dificuldades em contemplar a camada populacional indígena do perímetro urbano”. No entanto, e apesar disso, “os Macuxi e Wapichana de Boa Vista vêm construindo uma narrativa de pertencimento que inter-relaciona os aspectos socioculturais engolidos pela história oficial e, posteriormente, pela sociedade em posse do poder público”. Ainda sobre a temática indígena, Maria Auxiliadora Lima de Carvalho apresenta em A dinâmica sociopolítica Yanomami no contexto de criação da Hutukara: pata thëpë e a emergência de jovens lideranças políticas, uma discussão sobre a participação de lideranças tradicionais e de jovens lideranças Yanomami na constituição de um espaço político. A partir do contato interétnico e dos cursos de formação, como o de professorese agentes de saúde, novas possibilidades, inclusive de “representação”, serão dadas a esses jovens indígenas que ao dominarem, por exemplo, a língua portuguesa, serão intérpretes necessários junto às lideranças tradicionais, acabando por adquirirem outro status. Sobre a presença dessas jovens lideranças, a autora afirma ainda que “não se trata de uma ruptura, ou crise de gerações entre jovens e velhos, e sim de caminhos distintos de construção de referenciais por meio dos quais constroem a força do seu discurso”. Sobre o processo de colonização do então vale do rio Branco, Jaci Guilherme Vieira e Gregório Ferreira Gomes Filho, apresentam o texto Forte São Joaquim: do marco da ocupação portuguesa do vale do rio Branco às batalhas da memória – século XVIII ao XX. Nesse artigo, os autores dissertam sobre duas questões: a construção do forte como marco da ocupação portuguesa na região e os desdobramentos advindos dessa decisão e, não menos importante, a memória apropriada por setores da sociedade roraimense, para quem o forte é o “marco inicial” da ocupação desse espaço e, consequentemente, da necessidade desta referência para legitimação de seu “lugar social” e as constantes disputas pela terra. Partindo também do processo de colonização, mas ampliando tanto o espaço quanto as temáticas que perpassam esse processo, Nelvio Paulo Dutra Santos, em Sociedade, ambiente e fronteira na Amazônia: alguns tópicos históricos e políticos, disserta sobre a formação do espaço amazônico com ênfase para as questões sociais, políticas e ambientais. Ao historiar sobre essa formação, apresenta as preocupações geopolíticas do Estado nação e os consequentes projetos para a Amazônia que excluíram seus “antigos habitantes”, da mesma forma que “o ambiente foi também tido como um empecilho ao desenvolvimento, pois tudo ficou sob a égide da segurança, não a darwiniana, mas a do regime político e do desenvolvimento”. O que leva o autor a concluir que “a Amazônia continua sendo um lugar de atenção e de preocupação”. Essas questões sobre o desenvolvimento, sob outra ótica, são apresentadas por Pedro Staevie, no artigo Crescimento demográfico e exclusão social nas capitais periféricas da Amazônia, no qual disserta sobre o crescimento das cidades dos “estados periféricos da Amazônia”: Amapá, Acre, Rondônia e Roraima. Com base em censos demográficos, dados do PIB e do IDH, são apresentados os indicadores socioeconômicos das capitais desses estados, com ênfase na exclusão social e desigualdade, com o objetivo de relacionar essas questões ao crescimento demográfico dessas cidades. Assim, para o autor há uma correlação direta entre o crescimento demográfico e os índices apresentados no artigo, levando a necessidade de “suscitar uma maior observação sobre estes municípios e sobre a relação destes dados com o crescimento demográfico”. Mariana Cunha Pereira, expõe, em seu artigo A memória de brasileiros e guianenses sobre a revolta do Rupununi na fronteira Brasil – Guiana, uma etnografia sobre esse episódio acontecido na fronteira entre esses dois países na década de 1960. Após uma contextualização da Guiana e da região do Rupununi, com aportes históricos retomando a sua colonização, chega a autora ao processo de independência daquele país e o momento do “evento político” que foi a Revolta. Com base nos depoimentos orais de “negros guianenses, indígenas Macuxi e Wapixana e brasileiros regionais”, a autora “reelabora essas narrativas” afirmando que “a memória local dos moradores da fronteira sobre o período do conflito é bastante confusa”. No entanto, tal acontecimento ficou “como um marco da construção desses dois estado-nação, da inter-relação que os envolve e das consequências para os grupos étnicos, moradores da fronteira, e do modo de perceber e narrar os conflitos de conjuntura de cada realidade”. Com essa edição bilíngue explicitamos nosso empenho em consolidar a Textos e Debates como espaço de debates e de divulgação de conhecimentos, ampliando assim as possibilidades de leitores e interessados em colaborar com a Revista.

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