AS PRÁTICAS SOCIOCULTURAIS E O ENSINO QUE DESENVOLVE NA ESCOLA DESENVOLVENTE

A questão da cultura e da diversidade cultural é fundamental no processo de construção de uma escola democrática. A partir da problematização das diferentes posições acerca do papel da cultura na educação escolar, discute-se sobre o paradigma histórico-cultural enfocando as relações entre práticas socioculturais, ensino-aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. São abordadas as contribuições de Vygotsky, Davydov e Hedegaard sobre a constituição subjetiva humana mediada pela cultura historicamente elaborada (patrimônio cultural da humanidade) e pelas práticas socioculturais construídas em distintas instituições e contextos dos quais os alunos participam. Destaca-se, na teoria de ensino de Davydov, os tipos de conhecimento e de pensamento que podem ser promovidos pela aprendizagem. Em seguida, apresenta-se o conceito de conhecimento radical local, de Hedegaard, como elemento necessário ao ensino-aprendizagem. Considerando-se que a atual orientação política das finalidades da educação escolar restringe de forma drástica o desenvolvimento dos alunos a tipos humanos adaptáveis ao trabalho no capitalismo sob os princípios neoliberais, defende-se, opostamente, que a educação escolar tenha como finalidade primordial o desenvolvimento amplo dos alunos, por meio da apropriação dos conhecimentos historicamente mais desenvolvidos, necessariamente articulados com as práticas socioculturais em que os alunos participam em diferentes instituições do contexto social geral e local. Conclui-se argumentando que o paradigma histórico-cultural representa uma contribuição para a educação escolar que, considerando as práticas socioculturais, favorece a apropriação cultural ampla para o desenvolvimento humano dos alunos, sustentando um projeto de educação escolar democrática.