
A Máquina Teórica: O Discurso de Christopher Norris sobre o Pós-Modernismo na Década de Noventa
Author(s) -
Adam Sharman
Publication year - 1997
Publication title -
aletria
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2317-2096
pISSN - 1679-3749
DOI - 10.17851/2317-2096.5.0.39-68
Subject(s) - philosophy , humanities , theology
opresente ensaio oferece uma exegese crítica dos sete livros que, até o final de 1997, o teórico e crítico britânico Christopher Norman dedicou ao pós-modernismo, considerando-se que a temática de Norris é a teoria pósmodernista, não os artefatos culturais ou processos pósmodernistas pelos quais ele demonstra pouco interesse. Nessa trajetória, são entrelaçados os fios de diversas questões: o entendimento de Norris do pós-modernismo; as objeções que ele faz à teoria pós-modernista; o teor de sua discordância de pensadores como Baudrillard com relação à Guerra do Golfo; a nota de desalento que pauta sua visão do pós-modernismo; o impacto do contexto político de direita de Margaret Thatcher sobre sua visão pessimista dos intelectuais pós-modernistas no início da década. Sobretudo, o ensaio rastreia a crítica reiterada de Norris à excessiva extensão conferida à lingüística saussureana, na sua opinião, a raiz de um mal-elaborado "relativismo cultural", bem como seu amplo comentário sobre o afastamento de Michel Foucault do pensamento de Kant. Norris crê que esse encontro ilustra, de forma exemplar, o afastamento pós-modernista dos valores iluministas de verdade, crítica e razão universal, cujo corolário, para ele, é a eliminação de qualquer vinculação, baseada em princípios, entre a prática intelectual e o domínio ético-político. O ensaio oferece, paralelamente, um número de críticas a Norris (inclusive seu hábito de processar diversas posições numa máquina teórica abstrata e imperdoável), aiJ ressaltar as muitas alternativas à teoria pós-modernista que ele explora (filosofias pós-analíticas do significado, filosofia da ciência, realismo causal, a desconstrução de Derrida e de Man). O ensaio conclui estabelecendo uma distinção entre relatividade e relativismo e enfatizando que também a epistemologia necessita de uma ética e de uma responsabilidade -com relação aos textos, pensadores e contextos -, não seccionáveis do tecido do pós-modernismo.