
Telégrafo e fonógrafo: metáforas modernas da fragmentação em António Nobre e Camilo Pessanha
Author(s) -
Bruno Anselmi Matangrano
Publication year - 2017
Publication title -
aletria
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2317-2096
pISSN - 1679-3749
DOI - 10.17851/2317-2096.26.3.273-291
Subject(s) - humanities , art , sonnet , poetry , literature
A partir da obra Os meios de comunicação como extensões do homem (1964), de Marshall McLuhan, o presente artigo pretende demonstrar como a noção de fragmentação da informação suscitada pelas inovações tecnológicas do século XIX – particularmente, pelo advento do fonógrafo e do telégrafo – se relaciona com as mudanças no comportamento humano, sobretudo no que diz respeito à própria percepção de si, e como esta nova percepção se manifesta nas novas formas artísticas oitocentistas que marcam o início da Modernidade, em especial, no simbolismo e no impressionismo. Em seguida, para demonstrar esta teoria, são analisados dois poemas simbolistas: o soneto 12, de António Nobre, centrado na imagem do telégrafo, e “Fonógrafo”, de Camilo Pessanha, através dos quais se espera mostrar como estas duas invenções modernas podem ser lidas como síntese metafórica da fragmentação do sujeito poético, manifesta por imagens, sintaxe e ritmo igualmente fragmentados, resultantes das mudanças de paradigmas artísticos, suscitados, por sua vez, pela mudança da percepção provocada pelas inovações tecnológicas.