
O texto se limita? Discussão baseada em Gérard Genette e João do Rio
Author(s) -
Tiago de Holanda Padilha Vieira
Publication year - 2017
Publication title -
em tese
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1982-0739
pISSN - 1415-594X
DOI - 10.17851/1982-0739.22.3.171-182
Subject(s) - humanities , philosophy , art
O conceito de “paratexto” apresentado por Gérard Genette pressupõe que o texto literário delimita um território inequívoco e, idealmente, inviolável. Essa concepção de texto é análoga à noção de livro enquanto “fortaleza”, enquanto totalidade autossuficiente cujos significados estariam contidos em si mesma, como descreve Michel Melot. Porém, os elementos que Genette define como “paratextos” também podem se prestar à deslimitação do texto e, pois, do livro, contribuindo para lançá-lo para “fora” de si mesmo, ou melhor, para questionar o pressuposto de que haja “dentro” e “fora”. A partir da análise de dois itens paratextuais do livro A alma encantadora das ruas, do cronista João do Rio, pretendemos refletir sobre como pode ocorrer essa indeterminação de demarcações, ainda que haja sempre índices determinantes em qualquer contexto de leitura.