
Pandemias, quarentenas e contágios!
Author(s) -
J. M. Antunes
Publication year - 2021
Publication title -
infad
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2603-5987
pISSN - 0214-9877
DOI - 10.17060/ijodaep.2021.n2.v2.2219
Subject(s) - humanities , art , philosophy
Entre as grandes interrogações da Humanidade está o porquê das pragas das pestes da fome e das guerras, o sofrimento e o mal acercam-se periódicamente das sociedades humanas assumindo desumanidades incompreensíveis desde os tempos mais remotos, referidas no Antigo Testamento, as pandemias tão antigas e afinal tão presentes nos nossos dias, conferem um certificado de capacidade repetitiva do Mal que no nosso tempo tentamos dissipar, permitindo o menor estrago possivel. São Roque, socorrista dos contagiados da peste negra e também por ela contagiado, seria a quem os fiéis mais recorriam no séc. XIV, bem como para qualquer mal epidémico e contagioso objecto de orações promessas e novenas! Já o recurso ás quarentenas no tempo das Descobertas, revelar-se-ia muito útil e eficaz, era a Prevenção a iniciar os primeiros passos, inicialmente entre marinheiros e viajantes! Os textos Bizatinos sobre epidemias eram cépticos relativamente ao contágio, contráriamente aos muçulmanos que o aceitavam desde tempos remotos, porém por mais sabedoras que fossem as explicações naturais, os paradoxos persistiam e persistem, como pode Deus infinitamente bom e poderoso, semear na Terra a peste, a cólera, a influenza, a sida, a covid-19 ? Celebrado por católicos, ortodoxos e luteranos, S. João Damasceno diria que Deus seria criador de todos os bens mas não do mal sendo este devido aos maus usos do livre arbítrio praticado pelos homens ou apenas atribuído ao fatalismo pelos muçulmanos. Crentes, heréticos, e muitos outros, perante a ameaça de um Apocalipse, esperam e desesperam segundo as próprias ideias, crenças, empirismo versus racionalismo do momento, porém uma coisa é certa: inexplicávelmente as epidemias e pandemias subitamente param, dissipam-se, desaparecem SEM sabermos porquê, como afirma Didier Raoul, médico de Marselha e acrescentaria, será que também são necessárias na bagagem humana, para atravessar a barreira do Tempo ?