
Logo ali, no final da avenida: Os sertões redefinidos pelo movimento sanitarista da Primeira República
Author(s) -
Gilberto Hochman
Publication year - 1998
Publication title -
história, ciências, saúde-manguinhos
Language(s) - English
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.277
H-Index - 18
eISSN - 1678-4758
pISSN - 0104-5970
DOI - 10.1590/s0104-59701998000400012
Subject(s) - humanities , politics , political science , philosophy , law
O artigo aborda os esforços do movimento sanitarista brasileiro em redefinir, entre 1910 e 1920, as fronteiras entre os sertões e o litoral, entre o interior e as cidades, entre o Brasil rural e o urbano, em função do que consideravam o principal problema nacional: a saúde pública. Este movimento divulgou exaustivamente uma definição essencialmente médico-política desses limites: os sertões dos médicos-higienistas caracterizavam-se pela concomitante ausência de poder público e onipresença de doenças endêmicas. Por meio de uma intensa campanha de opinião pública, os médicos-higienistas convenceram as elites políticas de que esses sertões estavam mais próximos do que elas imaginavam criando, assim, as bases para as primeiras ações nacionais de saúde pública na década de 1920. Between 1910 and 1920, the Brazilian sanitation movement endeavored to redefine the boundaries between backlands and coast, interior and cities, rural Brazil and urban Brazil, in accordance with what sanitarians then deemed the nation’s key problem: public health. The movement relentlessly defended an essentially medical-political definition of these borders: in the eyes of sanitarian physicians, the backlands were characterized by the absence of government and the omnipresence of endemic diseases. Through an intensive public opinion campaign, doctors and sanitarians convinced the political elites that the backlands were closer than they thought. This rural sanitation drive had political consequences: it laid the foundations for the first public health initiatives of national scope during the 1920s