
Onde está a nossa pátria; para onde retornamos?
Author(s) -
Barbara Juršič
Publication year - 2018
Publication title -
letrônica
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1984-4301
DOI - 10.15448/1984.4301.3.32361
Subject(s) - humanities , art
Este artigo trata do tema dos retornados da antiga colónia portuguesa, Angola. No romance O Retorno, de Dulce Maria Cardoso, acompanhamos a história de uma família de retornados que adquire um forte valor simbólico. A mãe significa a cisão entre os dois mundos, o real, o palpável, e o invisível; simboliza também a dor dos retornados de não encontrarem casa “em casa”, em Portugal, que deveria ser a pátria deles, mas onde são considerados cidadãos de segunda classe. Ela é também um espelho do interior das personagens. O pai simboliza a terra, a casa e representa o porto seguro para a família. O papel dele é parcialmente retomado pelo filho Rui, que é também narrador, na primeira etapa da vida em Portugal. Ele simboliza o futuro e apela para a “não cegueira” sobre o tema das ex-colónias, vence o medo, tão presente no romance, aos “demónios” da mãe, ao próprio medo e ao futuro. No futuro, num tempo novo, começar-se-á a construir o presente, a verdadeira Pátria, onde quer que seja, na metrópole ou nas colônias.