A imigração italiana no Inferno provisório

É principalmente nas narrativas de Mamma, son tanto felice, livro que desempenhou o papel de volume inicial da pentalogia Inferno provisório, que Luiz Ruffato representa as relações entre os imigrantes italianos e a realidade social e natural da Zona da Mata mineira a que se incorporaram durante a primeira metade do século XX – considerados aqui os limites cronológicos definidos pela obra. A partir de 2016, Inferno provisório assumiu a forma de volume único e Mamma, son tanto Felice deixou de existir como unidade independente: as narrativas que formavam o livro foram distribuídas pelo autor ao longo do novo volume. Por meio de técnicas narrativas que privilegiam a fragmentação, a focalização seletiva e a heterogeneidade discursiva, Ruffato encena aquilo que ele mesmo denominou “uma tragédia”. O objetivo deste trabalho é expor os resultados da leitura e análise dos episódios de Inferno provisório cujo conjunto permite depreender uma interpretação do fenômeno histórico da imigração, não apenas a partir de pontos de vista subentendidos ou enunciados ao longo da narrativa, mas também decorrentes dos efeitos de sentido obtidos pela utilização de formas específicas de narrar na relação que estabelecem com a matéria narrada.