
Civique de Gastine (1793-1822) no Correio do Rio de Janeiro: Pacto Colonial¸ Economia Política e as Independências da América
Author(s) -
Paula Botafogo Caricchio Ferreira
Publication year - 2020
Publication title -
estudos ibero-americanos/estudos ibero-americanos
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.124
H-Index - 5
eISSN - 1980-864X
pISSN - 0101-4064
DOI - 10.15448/1980-864x.2020.2.35177
Subject(s) - humanities , political science , art
O artigo trata da disseminação, tradução e recriação da obra De la Liberté des Peuples et des Droits des Monarques Appelés à les Gouverner (1818) do autor Civique de Gastine (1793-1822) nas publicações do Correio do Rio de Janeiro de 1822. Seu redator João Soares Lisboa é considerado um dos redatores mais radicais da província a atuar no processo de independência do Brasil e foi o primeiro e único a ser condenado por “conluio republicano” na história do Império. Graças à divulgação e participação na redação da Representação do Povo do Rio de Janeiro, que pedia a convocação de Cortes do Brasil ao príncipe regente D. Pedro em maio de 1822, sua trajetória se tornou menção obrigatória nas narrativas sobre a história do processo de independência do Brasil, tanto para valorizar sua iniciativa, quanto para explicar seu radicalismo. Não obstante, é possível analisar o seu engajamento e desenvolvimento das ideias de cidadania, de participação e soberania popular em uma monarquia constitucional pela disseminação, circulação, troca cultural e recriação de publicações ibero-americanas, sobretudo, da obra de Civique de Gastine. Autor pouco divulgado nos periódicos da época, ele é lembrado como “abolicionista” por conta de suas obras escritas nos anos de 1819, 1821 e 1822, que defendiam a abolição da escravidão e a independência de São Domingos. Diante desse cenário, João Soares Lisboa é responsável por sua tradução e releitura, de modo a disseminar as suas ideias como sua principal referência teórica e, ao mesmo tempo, torná-las possíveis em uma monarquia constitucional para o Brasil aos olhos de um redator e negociante pertencente a um grupo de liberais formado pela prática mercantil e impressos em circulação, especialmente no final do século XVIII.