
O estudante trabalhador na escola pública: Um direito negado?
Author(s) -
Naira Lisboa Franzói,
Maria Clara Bueno Fischer,
Carla Odete Balestro Silva,
Analia Bescia Martins de Barros
Publication year - 2019
Publication title -
education policy analysis archives
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.727
H-Index - 46
ISSN - 1068-2341
DOI - 10.14507/epaa.27.4068
Subject(s) - humanities , truancy , sociology , philosophy , criminology
O artigo resulta de pesquisa cujo objetivo foi analisar o atendimento a estudantes trabalhadores na educação básica, em escolas da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul/Brasil, entre 2015 e 2017. Os dados foram produzidos através de questionários e entrevistas e, para análise e interpretação, procedimentos da Análise de Conteúdo e cotejamento com o referencial teórico adotado. Apesar dos avanços, o pleno direito ao Ensino Médio continua longe de ser alcançado, especialmente para essa parcela da população que combina trabalho e estudo. Os resultados da pesquisa demonstram que: o trabalho é invisível à escola; as medidas tomadas pelas escolas para apoiar os estudantes que trabalham são, de forma geral, tímidas e isoladas; duas delas, mais frequentes, chamam atenção: o encaminhamento para o ensino noturno, em que as condições de estudo são menos favoráveis, e para estágios não obrigatórios, que, longe de cumprirem a função precípua de aprendizagem, vêm se constituindo numa forma de trabalho precário. Afirmamos que se estabelece, assim, um paradoxo: no afã de reter e apoiar esses estudantes, a escola acaba reforçando a dualidade do sistema, expressa na “inclusão excludente” na escola vis-à-vis uma “exclusão includente” no mercado de trabalho. As análises tomam Kuenzer (2005, 2007, 2011) por referência teórica, e demais estudos críticos que enfatizam a dualidade constitutiva do sistema educacional.