
Miguel Torga e sua geografia nativa: paisagens inscritas.
Author(s) -
Ida Alves
Publication year - 2020
Publication title -
téssera
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2595-8925
DOI - 10.14393/tes-v3n1-2020-57317
Subject(s) - art , humanities
A obra de Miguel Torga (1907-1995) é de reconhecida importância no contexto da literatura portuguesa do século XX. Disso são provas a recepção do Prêmio Camões em 1989 e a já extensa fortuna crítica publicada em Portugal e no Brasil. Um dos temas recorrentes nesses trabalhos críticos é a relação do escritor com a terra, a força telúrica tanto em sua prosa como na poesia. Neste artigo, trataremos das paisagens inscritas em sua escrita a partir do Diário de Miguel Torga (vols. I a VIII, de 1934 a 1959). Em muitas de suas anotações, o escritor demonstra a importância da geografia transmontana para configuração de sua escrita literária, sobretudo sua terra natal, S. Martinho de Anta (Concelho de Sabrosa) e espaços próximos. Na relação de Torga com essa paisagem, poderemos examinar determinadas linhas de compreensão de sua obra literária humanista e ética. Não à toa, em seu pseudônimo autoral, destaca-se “torga”, vegetação de montanha que se agarra às rochas, com suas raízes fortes e caule retilíneo, assim como sua escrita profundamente ligada à paisagem rural transmontana, agreste e rigorosa, mas profundamente sensível ao humano em sua miséria ou grandeza.