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Armação de mundo possível e processos de composição de personagens insólitos em “O pirotécnico Zacarias”, de Murilo Rubião
Author(s) -
F. García,
Luciana Morais da Silva
Publication year - 2018
Publication title -
letras and letras
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1981-5239
pISSN - 0102-3527
DOI - 10.14393/ll63-v34n2a2018-5
Subject(s) - humanities , art , philosophy
Os processos de composição de personagens com matizes insólitos não respeitam a lógica racional e aristotélica expectável nos mundos referenciais de base a que o ficcionista tem acesso, senão que a arranham, fissuram, fraturam ou, mesmo, rompem, instaurando o incomum e inesperado ao tensionar crenças e percepções. Os mundos possíveis armados a partir de procedimentos arquiteturais que instauram o incomum e inesperado são mundos que fazem crescer suas sensações de uma só vez, impregnados pela essência de um relato que se dá pela construção do insólito, como observou Edgar Allan Poe acerca de um conto insólito e horrorífico de Hawthorne, “Twice-told tales”. Nesse mesmo universo, o conto fantástico, conforme Julio Cortázar, leva o leitor a mergulhar nas margens de um mundo insólito e a vivenciá-lo em sua amplitude de sentidos. “O pirotécnico Zacarias”, de Murilo Rubião, encena um mundo possível cuja personagem central configura-se, dubiamente, como um cadáver adiado, transitando entre estados de existência. A narrativa ilustra noções de níveis físico e metafísico transbordados pela aparente possibilidade de o morto manter-se vivo, experienciando sensações com seus coadjuvantes, em um mundo nada natural ou ordinário.

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