O sermão, o hino e a ordem do dia: memórias de uma escola isolada rural

Neste artigo olhamos para as memórias de sujeitos vinculados a uma escola isolada rural, localizada no município de Bandeirantes, Norte do Estado do Paraná. A modalidade de escola aqui estudada, a Escola Isolada Rural, é uma experiência educacional pública do Estado do Paraná implantada por volta de 1930 e extinta na década de 1970, representa um número restrito no conjunto de escolas primárias rurais do Norte do Estado do Paraná. A fonte principal do estudo é constituída por entrevistas realizadas com uma professora e três ex-alunas da Casa Escolar Lourenço Ormenezze, mobilizando a História Oral como aporte teórico-metodológico. Os procedimentos metodológicos possibilitaram criar quatro narrativas por meio das entrevistas realizadas. A análise das fontes orais evidenciou como principais critérios norteadores, tais aspectos: são consideradas as exigências dos inspetores de ensino e os modos como essas exigências eram (ou não) encaminhadas pelas professoras e pela comunidade campesina, com o que se esboça um cenário sócio-histórico sobre o ensino das primeiras letras na zona rural do interior paranaense e, ainda, um caminhar sobre as estruturas físicas da escola até adentrar às concepções de sala de aula. Disso resulta uma percepção da necessidade de promover a igualdade de condições para que a comunidade rural pudesse experienciar as oportunidades que lhes eram prometidas, ou seja, o direito à educação.