
Entrevista com Lucia Murat
Author(s) -
Eduardo Victório Morettin,
Mônica. Almeida. Kornis.
Publication year - 2018
Publication title -
artcultura
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2178-3845
DOI - 10.14393/artc-v20n36-2018-1-09
Subject(s) - humanities , art , spanish civil war , history , archaeology
Lucia Murat (Rio de Janeiro, RJ, 1948) é cineasta. Militante estudantil nos anos 1960, entrou na clandestinidade após a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Presa em 1971, sofreu inúmeras torturas até ser posta em liberdade em 1974. O interesse pelo cinema, política e jornalismo a levou em 1978 à Nicarágua, que enfrentava uma guerra civil entre as forças governistas e a oposição, liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional. Ao retornar ao Brasil, a partir dos registros feitos, edita o seu primeiro fi lme O pequeno exército louco (1984). Desde então havia o desejo de misturar documentário e fi cção, articulação presente em seu primeiro longa-metragem, Que bom te ver viva (1989). Nele, o monólogo da personagem interpretada por Irene Ravache dialoga com os depoimentos de expresas políticas, que relatam as suas experiências sofridas pela repressão militar a partir de 1964. O interesse pela história do país está presente em diversos fi lmes, tanto nos que se voltam ao contemporâneo, como Quase dois irmãos (2004), que mostra em três diferentes épocas e situações os confl itos entre a classe média e a favela no Rio de Janeiro, quanto os que se ocupam do passado, como Brava gente brasileira (2000), em que os confrontos dos colonos com os índios no século XVIII na região Centro-Oeste indicam um passado de luta e resistência. Em Uma longa viagem (2011) e A memória que me contam (2013) a dimensão autobiográfi ca se entrelaça com o retrato mais geral de uma época, traço que indica a força e a perenidade das questões levantadas pela sua obra.