Movimentos transnacionais e construções identitárias: analisando a impermanência e a fluidez na narrativa de Adriana Lisboa

A contemporaneidade trouxe consigo a (des/re)construção da noção de identidade, a qual passa da fixidez à fluidez. A partir dessa premissa, o presente artigo visa à análise do processo de construção identitária individual e coletiva a partir da representação literária, tomando como base o conto “O escritor, sua mulher e o gato”, presente no livro O sucesso (2016), de Adriana Lisboa. Busca-se, assim, compreender como a narrativa brasileira contemporânea, tomando como exemplo o conto, tem representado o indivíduo em termos identitários por meio dos trânsitos realizados pelas personagens. Os estudos de Zygmunt Bauman (1996, 2005, 2012) e Stuart Hall (1996, 2005) sobre identidade, mobilidade e globalização servem como referencial do trabalho, cuja análise parte da fluidez identitária do protagonista em sua relação com elementos simbólicos presentes no texto. Como resultado, observa-se que há uma tendência na narrativa brasileira contemporânea em representar indivíduos fluídos, desenraizados de seus espaços de origem, os quais experimentam a mobilidade sob diferentes perspectivas, trazendo consigo as consequências da globalização em termos culturais.