
Por que não recomendar estatinas como prevenção primária?
Author(s) -
Charles Dalcanle Tesser,
Armando Henrique Norman
Publication year - 2019
Publication title -
aps em revista
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2596-3317
DOI - 10.14295/aps.v1i1.15
Subject(s) - medicine
Este artigo tece uma crítica à mudança de postura e práticas médicas a respeito do uso de estatinas como prevenção primária (P1). Tal tema é de grande relevância clínica para a atenção primária à saúde e para a saúde pública. No Tratado de Medicina de Família e Comunidade (edição de 2018), o capítulo sobre P1 de doenças cardiovasculares assume implicitamente que as estatinas devem ser usadas como P1, sem discussão dos problemas envolvidos nisso. Este artigo faz uma síntese dos problemas e polêmicas envolvidos na prescrição de estatinas em P1 a partir de 2012, quando uma primeira metanálise recomendou esse uso. Discutimos criticamente as evidências a respeito, a partir de clássicos critérios éticos e técnicos. Defendemos que a evidência para usar estatinas como P1 é muito fraca e não confiável, frente a danos potenciais significativos e benefícios muito pequenos. Mais pesquisas são necessárias, mais transparentes e com menos influência da indústria farmacêutica.