A leitura atravessa os umbrais

Examinar os múltiplos sentidos da leitura para os jovens que vivem nos bairros marginalizados franceses foi o principal desafio da antropóloga Michèle Petit, pesquisadora do Laboratório de Dinâmicas Sociais e Recomposição dos Espaços e do Centre National de la Recherche Scientifique, na França. Como resultado, a autora organizou quatro conferências aqui reunidas que trazem uma reflexão sensível e luminosa sobre o exercício da leitura, bem como as trajetórias de alguns jovens leitores e suas aventuras pelo mundo dos livros. Nesse itinerário, sublinha a importância das bibliotecas públicas, dos professores, das bibliotecárias e dos educadores na formação do leitor e na luta contra a exclusão. Para ela, “a leitura tem o poder de despertar em nós regiões que estavam até então adormecidas” (p. 7). É justamente esse processo de sensibilização para dimensões oníricas e libertárias vivido na atividade de leitura que articula e permeia todas as conferências.