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Lisboa, 1975. A correspondência da Embaixada alemã sobre o refúgio concedido a quatro oficiais golpistas
Author(s) -
António Louçã
Publication year - 2021
Publication title -
estudos do século xx/estudos do século xx
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1647-8622
pISSN - 1645-3530
DOI - 10.14195/1647-8622_21_6
Subject(s) - humanities , physics , political science , art
Os oficiais golpistas derrotados em 11 de março de 1975 foram em parte afastados dos seus cargos, em parte detidos ou, em menor número, refugiaram-se na vizinha Espanha. Quatro oficiais da GNR, incluindo um general, pediram asilo na Embaixada da República Federal da Alemanha. O pedido era embaraçoso para a Embaixada, que então envidava esforços consideráveis para melhorar as suas relações com a esquerda civil e com o MFA. Não lhes concedeu asilo, mas acolheu-os temporariamente na Embaixada. Comunicou o facto ao seu Ministério, em Bona, e à Presidência da República portuguesa. De Bona recebeu instruções para não entregar os quatro hóspedes, da Presidência portuguesa a exigência de entregá-los imediatamente. Obteve o compromisso de os fazer pernoitar na Embaixada, mas na manhã seguinte, com a Embaixada cercada por manifestantes, era impossível ganhar mais tempo. O embaixador Fritz Caspari ignorou as instruções que continuavam a chegar-lhe de Bona e convenceu os quatro a entregarem-se, mediante o compromisso de que ele próprio se fazia fiador, de serem julgados em tribunais ordinários e de as suas famílias poderem partir para a Alemanha. Nos meses seguintes, os quatro permaneceram detidos, sendo o último libertado um ano depois do golpe. Caspari avaliara acertadamente a situação e, com as decisões tomadas no terreno, preservara a possibilidade de uma diplomacia ativa da RFA no processo político português.

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