
Derrida – toujours déjà “politique” Écriture – parjure – pardon
Author(s) -
Fernanda Bernardo
Publication year - 2018
Publication title -
revista filosófica de coimbra
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 0872-0851
DOI - 10.14195/0872-0851_54_2
Subject(s) - philosophy , humanities , physics
Derrida político – como escutar a ressonância deste título?
Este texto nasceu do desafio desta escuta e, através das problemáticas da escrita ou do rastro – uma primeira designação da Desconstrução derridiana nos anos 60‑70 –, do perjúrio e do perdão, tenta apresentar e defender uma espécie de hipótese formal à laia de quase‑tese quanto à incondição política, singularmente política, singularmente já sempre política, ainda que diferentemente política, do pensamento de Jacques Derrida, assim como do pensamento, da incondicionalidade do pensamento segundo J. Derrida na singularidade da sua diferença com a filosofia: a saber, a hipótese do muito singular apolitismo híper‑ ou ultra‑político de princípio do seu pensamento, da impossibilidade e da incondicionalidade que ditam e magnetizam a indesconstructibilidade do seu pensamento e através da qual ele repensa e apela ao repensar e ao reelaborar do «obscuro» conceito, do «muito obscuro» filosofema metafísico do político (polis).
Uma hipótese que tanto visa combater as críticas, infundadas e muitas vezes intelectualmente incompetentes e desonestas, de que não haveria uma preocupação política, nem um alcance político nem uma filosofia política na Desconstrução – e, de facto, não há nela uma filosofia política, mas há, isso sim, um pensamento do político que, em si mesmo, é já hiperpolítico e que, no alheamento de todo e qualquer militantismo, pensa agindo/fazendo – como (visa combater) a ideia da existência de uma «political turn» e de uma «ethical turn» na Desconstrução derridiana: trata‑se de mostrar que, no seu bem singular apolitismo ou trans‑politismo de princípio (e apolitismo apenas relativamente ao conceito metafísico de político!), a incondicionalidade escatológico‑messiânica que inspira e locomove a Desconstrução derridiana do fono‑logo‑centrismo nos anos 60‑70 contra o Linguistic Turn, não só tinha fortes implicações políticas mas tinha, em si mesma, uma tonalidade já «política». Um alcance já hiperpolítico! Como amplamente o testemunha o liame nela existente entre a escrita e o perjúrio e os motivos do dom e do perdão – dois dos incondicionais ou dos impossíveis da Desconstrução derridiana que, com este fim, muito sucintamente aproximamos aqui.