
TEMPOS DE ALFABETIZAR: AS ESCOLAS RURAIS DE FEIRA DE SANTANA 1955-1963
Author(s) -
Juliana Mangabeira Ribeiro
Publication year - 2018
Publication title -
anais do ... seminário de iniciação científica/anais seminário de iniciação científica
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2595-0339
pISSN - 2175-8735
DOI - 10.13102/semic.v0i20.3201
Subject(s) - humanities , art
O surgimento da cidade feirense pode ser considerado de cunho rural, pois da sesmaria pertencente a família Guedes de Brito e outra grande família a Peixoto Viegas, e com o decorrer do tempo o Arraial de Sant’ Ana, onde se localizava a fazenda Sant’Ana dos Olhos d’Água, foi onde se iniciou a próspera cidade de Feira de Santana. Trazer esta discussão é perceber como o município que teve em suas origens questões rurais, lidou com a criação de escolas com teor rural.O seu desenvolvimento, principalmente por se encontrar em uma posição geográfica favorável (SANTOS, 2008), fez Feira de Santana trazer uma dualidade em seu crescimento, pois a cidade, que teve origem rural, sofria um processo de transformação das suas tradições conservadoras para um plano de urbanidade modernizadora, sob o cunho do progresso.Na década em foco, 1950, a cidade novamente se expandia em vários equipamentos urbanos, dentre estes a criação de novas escolas, incluindo um projeto de escolas na zona rural. Anteriormente fora instalada na década de 1920(1927) a Escola Normal com o intuito objetivo de formar professoras/es para “espalharem seu saber pelo interior”( CRUZ e SOUSA:2012) . A destacar que entre 1935/1948 a escola normal feirense atuou como escola normal rural, sob a denominação de Escola Normal Rural da Feira de Santana (SOUSA:1999/2001) . Com este retorno da importância de escolas rurais na década de 1950, a zona rural não ficou fora dos projetos de desenvolvimento educacional em voga. A pesquisa visa investigar as escolas rurais instaladas em Feira de Santana: sua localização, quais professores/as atuaram nelas e sua relação com alianças políticas. As fontes evidenciaram que em sua grande maioria as escolas rurais localizadas no município eram unidocentes, com aulas ministradas apenas por uma professora, que deveria lecionar para diversas séries em um único local.Feira de Santana, assim como outras cidades entre as décadas de 1950-1960, tiveram em suas zonas rurais a abertura de escolas rurais para alfabetizar as crianças residentes nas localidades. Em Feira de Santana foram diversos os distritos que tiveram um local designado para alocação da sala de aula, tal lugar em sua grande maioria era nas fazendas, onde a prefeitura denominava escola municipal localizada em determinada fazenda. Diversas portarias encontradas no jornal Folha do Norte, ressaltavam que o prefeito preocupado com a quantidade de crianças em determinada localidade sem estudo, resolve abrir a escola para alfabetizá-las. Porém, as fontes indicam no propósito de escolas rurais as questões políticas envolvidas, pois algumas destasescolas foram instaladas em áreas de influência de vereadores, apontando que o jogo de interesses para abertura das escolas poderia determinar sua localização.A discussão sobre política na história da educação é uma relação constante. Veiga (2008), afirma que desde a constituição de 1824 práticas políticas já estavam inseridas na educação, que em quase toda as instâncias sociais as questões referente a política esta envolvida, e na educação esta prática também é constante. .Entre 1935 e 1941, em Feira de Santana até 1948, preparar professoras para lecionar nas escolas rurais era idealmente uma responsabilidade das Escolas Normais Rurais. Nelas as professorandas se formavam para atuar especificamente na zona rural. Em Feira de Santana, a Escola Normal em 1935 passou a se chamar de Escola Normal Rural, com o principal propósito de formar professoras para atuarem nestas escolas rurais (SOUSA, 1999). Foram criadas disciplinas que ensinavam “afazeres do campo” para as normalistas como maneira das mesmas aperfeiçoarem essas atividades. Mas além das Escolas Normais Rurais, existiram também outro tipo de instituição responsável por ensinar pessoas para atuarem nas zonas rurais, caso da Escola de Economia Rural Doméstica, onde as interessadas prestavam os exames vestibulares. Conseguindo aprovação de ingresso, recebiam aulas de diversas disciplinas em regime de internato. A ressaltar que tal processo era totalmente gratuito. Nos distritos de Feira de Santana a prefeitura municipal contratava a professora e a designava para determinada fazenda, onde deveria exercer o magistério.