
A LITERATURA, O MERCADO e o canto da sereia
Author(s) -
Vera Lúcia Follain de Figueiredo
Publication year - 2017
Publication title -
légua and meia/légua and meia
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2177-0344
pISSN - 1676-5095
DOI - 10.13102/lm.v1i1.1718
Subject(s) - humanities , art
A primeira crônica, publicada por João Ubaldo Ribeiro, no jornal O Globo, noano 2000, logo após o réveillon, gira em torno da relação entre arte e dinheiro. O escritor baiano, em tom irônico, manifesta sua profunda irritação diante do fato de muitas pessoas teimarem em não considerar a atividade artística como um trabalho digno de remuneração como qualquer outro, pois veriam o artista como um ser especial, escolhido pelas musas, diferente do comum dos homens e, portanto, acima dos interesses materiais. Essas mesmas pessoas, segundo João Ubaldo, seriam aquelas que acusariam o escritor de prostituição, de tornar-se um mercenário vil, seduzido pelocanto da sereia do mercado, quando este se revela preocupado com a venda de seus livros ou aceita escrever por encomenda. Para fundamentar a sua defesa contra o “país que se apega a essas noções atrasadinhas”, nosso autor cita o exemplo de vários artistas consagrados que não perdiam de vista a recompensa financeira de seus trabalhos, como Shakespeare, Balzac, Dickens e lembra que Rembrandt, Goya, Michelangelo e Oscar Niemeyer também criaram por encomenda.