
Literatura Latino-americana contemporânea: perspectivas desconstrucionistas e decoloniais de heróis - projetos de leitura crítica
Author(s) -
Ana María Klock,
Hugo Eliecer Dorado Mendez
Publication year - 2019
Publication title -
revista a cor das letras/a cor das letras
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2594-9675
pISSN - 1415-8973
DOI - 10.13102/cl.v20i2.4943
Subject(s) - humanities , philosophy , art
A figura de Simón Bolívar tem sido reconfigurada, na literatura, a partir de diversas perspectivas que ora convergem com o discurso oficial da história ora divergem em distintos níveis e com distintas intenções ideológicas. A relevância dos feitos do Libertador transcende até os dias atuais e o impacto do legado bolivariano – de luta e resistência, mas, também, de corrupção e autoritarismo – repercute nos cenários nacionais dos países destas terras e deveria chegar ao espaço da sala de aula. Igualmente ocorre com a figura histórica do Imperador do Brasil: D. Pedro I. Na literatura contemporânea latino-americana das últimas décadas encontramos romances híbridos de história e ficção que, por meio de singulares estratégias discursivas, narrativas e escriturais, arquitetam uma figura de Bolívar integralmente desconstruída, abandonando qualquer tipo de indulgência outorgada a respeito dos seus feitos mais questionáveis. Uma dessas obras é escrita por Herbert Morote, pesquisador e literato peruano, La visita de Bolívar (2018). Tal processo também ocorre com D. Pedro I na obra Galantes memórias e admiráveis aventuras do virtuoso conselheiro Gomes, o Chalaça (1994), de Roberto Torero. No presente estudo buscamos, por meio da análise estética e discursiva dessas obras, compreender o processo de desmistificação e desconstrução do qual as figuras históricas são foco para revelar a importância destas obras na trajetória formativa de um leitor crítico. Evidenciamos, também, como esse processo de revisão e ressignificação histórica aponta para novos caminhos dentro dos estudos decoloniais, visando a uma reestruturação ideológica e social no nosso continente. Para tanto, apoiamo-nos nos pressupostos de Mignolo (2007), Fleck (2017) e Menton (1993), entre outros pesquisadores nas áreas da teoria decolonial, do romance histórico na América Latina e dos processos de ressignificação da história pela literatura contemporânea.