O CONCEITO DE TÍPICO DE SLAVOJ ŽIŽEK COMO MECANISMO DE MANUTENÇÃO DA IDEOLOGIA EM A EXCEÇÃO E A REGRA

RESUMO: este artigo apresenta uma releitura da peça A exceção e a regra, de Bertolt Brecht, a partir do conceito de típico proposto pelo filósofo esloveno Slavoj Žižek. Trata-se de um estudo bibliográfico de cunho interpretativo, baseado no materialismo lacaniano, uma corrente filosófica recente que atrela a psicanálise de Jacques Lacan ao materialismo histórico de Karl Marx. A releitura por tal viés permite perceber o funcionamento do processo de tipificação, pois, de forma muito didática, Brecht põe em cena as contradições inerentes às relações de poder. Embora o conceito žižekiano seja posterior à criação de A exceção e a regra, é possível perceber o processo de tipificação na peça, e esse recurso funciona como elemento constitutivo do efeito de estranhamento (ou distanciamento), o conceito chave do teatro brechtiano. Crítico contundente do drama burguês, Brecht clamava a necessidade de abandonar a mimese superficial das relações interpessoais, que focavam exclusivamente o indivíduo, para abraçar a coletividade, as estruturas e processo de poder e seu papel praticamente determinante na matriz de comportamentos humanos.