
A MORALIZAÇÃO DA MORTE NO THEATRUM SACRUM DE ANTÔNIO VIEIRA
Author(s) -
Ana Lúcia Machado de Oliveira
Publication year - 2021
Publication title -
matraga
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2446-6905
pISSN - 1414-7165
DOI - 10.12957/matraga.2021.53259
Subject(s) - humanities , art , philosophy
O presente artigo traz algumas reflexões iniciais sobre o lugar da morte e o florescimento do macabro no imaginário social entre os séculos XVI e XVII, a partir do diálogo com as obras de Delumeau, Arriès, Mâle e Chanu, dentre outros. Em seguida, examina a grande difusão da imagem do corpo na cultura seiscentista, que traz como corolário o papel de destaque da anatomia, a qual transcende o âmbito das práticas médicas e invade outros campos do saber, revestindo-se de sentidos metafóricos, tal como na expressão “anatomia moral”, muito empregada na época.Para abordar o lugar do púlpito na difusão do conceito de morte propagado pelo catolicismo no século XVII, será analisada a obra sermonística do jesuíta Antônio Vieira, tendo como foco a sua construção de um memento mori a partir da retomada do lugar-comum bíblico de que o homem é pó e ao pó voltará, tão reciclado por pregadores e poetas do período. Esse tema escritural é desenvolvido nos três sermões vieirianos da Quarta-Feira de Cinzas, que são discutidos na parte final deste texto.