
“UMA MULHER QUE NUNCA VERGAVA; QUE NÃO TINHA AMO NEM DEUS” – RECORTES DA MÍTICA RAINHA NZINGA NA LITERATURA DE AGUALUSA, MUSSA E EGÉNIA NETO
Author(s) -
Marcele Aires Franceschini
Publication year - 2019
Publication title -
matraga
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2446-6905
pISSN - 1414-7165
DOI - 10.12957/matraga.2018.37037
Subject(s) - humanities , art , romance , literature
A mítica Nzinga Mbandi, a Rainha Ginga, foi líder de vastíssimo território no século XVIII. Grande parte dos escravizados que vieram ao Brasil são oriundos da região bantu – dominada por ela então. Sua história é tão gloriosa quanto a da própria África. Não por acaso inúmeros são os historiadores que se interessam por sua figura, assim como centenas são os escritores que já se aventuraram a romancear ou a cantar seus feitos. Para essa análise, escolheram-se três autores: o angolano José Eduardo Agualusa e seu romance histórico A Rainha Ginga: e de como os africanos inventaram o mundo (2014); o carioca Alberto Mussa e seu romance policial O trono da Rainha Jinga, (1999); e a portuguesa radicada em Angola Eugénia Neto e seu poema “Poema à Mãe Angolana”, lançado em 1976, no contexto da luta pela Independência de Angola. Prezaram-se, nesse estudo, dois movimentos: primeiramente, descreveu-se historicamente a figura da Rainha para então a retratar segundo recortes dos autores supracitados. Ambos Agualusa e Mussa tendem a demonstrar o poder da Rainha representado por sua força “de macho”, já que a líder assume a governança marcada pela linhagem patriarcal. Já Eugénia Neto humaniza a figura de Nzinga como a grande “Mãe Angolana”, salientando suas características femininas. Independente do julgamento, importa perceber como autores de distintas nacionalidades e gêneros constroem a imagem da soberana africana, mesclando história e ficção num balé fértil de dimensões épicas e poéticas.