
Aproximações entre Geografia e Cinema: estudo do documentário Fuocoammare (2016), de Gianfranco Rosi
Author(s) -
L. Baraldi,
Mauro Luiz Peron
Publication year - 2020
Publication title -
revista italiano uerj
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2236-4064
DOI - 10.12957/italianouerj.2020.58077
Subject(s) - humanities , art
O objetivo deste artigo é apresentar algumas reflexões sobre o documentário Fuocoammare (ROSI, 2016) para identificar correspondências entre Geografia e Cinema. Nela estão presentes vários aspectos que concernem à Geografia, especialmente a questão da imigração e dos refugiados que desembarcam na Ilha de Lampedusa, Itália. Essa produção cinematográfica é também um recorte da vida dos habitantes da ilha, com todas as características – culturais, linguístico-dialetais, socioeconômicas, geográficas – que emergem e envolvem a trama e a narrativa que se constroem. O núcleo narrativo diz respeito diretamente à relação entre os personagens e o espaço onde eles se encontram, pois o espaço é tomado, simultaneamente, como cenário e território, concretamente vivido e ocupado pelas pessoas/personagens. Entretanto, a premissa de que filmes são representações da realidade deve ser posta em discussão. O desafio está em utilizar filmes para desenvolver um olhar geográfico aguçado acerca da obra fílmica, pois se trata de um produto cultural que cria um sistema próprio de significações e realidades; não são meras ilustrações de conceitos geográficos. Como é discutido, nenhum filme é um fazer geográfico teórico; os “conceitos geográficos” são articulados de forma “livre” pelos diretores. Ao colocar em perspectiva o fazer cinematográfico como atividade humana, é necessário destacar a inevitável presença de nuances de subjetividade. Diante do exposto, evidencia-se a potencialidade da reflexão que emerge deste estudo, com o propósito de contribuir para o debate sobre a interseção entre duas áreas de conhecimento postas em diálogo.