RECURSOS METAFICCIONAIS PARA (RE)LER A HISTÓRIA EM OS ANJOS CONTAM HISTÓRIAS, DE LUIZ ANTONIO AGUIAR

Este artigo apresenta uma análise da obra Os anjos contam histórias, de Luiz Antonio Aguiar, buscando demonstrar como sua construção ficcional promove uma (re)leitura, através de estratégias próprias da metaficção historiográfica, do episódio histórico da Inconfidência Mineira, ocorrido durante o ciclo do ouro, em Minas Gerais. O texto utiliza, como mote mais específico, o mistério em torno do roubo da cabeça de Tiradentes, líder da revolta. A narrativa é protagonizada pelo casal Manoel Francisco Lisboa, filho de Aleijadinho, e Joanna Lopes, os quais, com a idade de apenas quinze anos, se envolvem com os conjuradores e passam a viver arriscadas peripécias. As diversas experiências por que passam os protagonistas não só os torna mais unidos como também faz com que amadureçam na adversidade. O autor, ao destacar que a narrativa é baseada em fatos históricos, mas que estes foram livremente usados e combinados ao sabor da invenção, lembra-nos que todo e qualquer relato a que temos acesso, seja ele ficcional ou historiográfico, é discursivo, constituído de fatos textualizados e não de acontecimentos em si, sendo portanto sempre parcial e limitado por que contado de um determinado ponto de vista. Assim, buscamos demonstrar como se mesclam e se dissipam aspectos da ficção e da história nesta trama contada por anjos.