
MUNDOS QUE COLIDEM: O TENSIONAMENTO ENTRE FANTÁSTICO E O MARAVILHOSO NA SÉRIE FRONTERA VERDE
Author(s) -
Marcelo Ferreira Marques,
Analice Da Conceição Leandro Da Silva
Publication year - 2021
Publication title -
abusões
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2525-4022
DOI - 10.12957/abusoes.2021.55043
Subject(s) - humanities , art
Em direção diversa das narrativas romanescas e fílmicas que em geral tematizam a Amazônia e os povos indígenas a partir do misticismo simplista ou da imagem idealizada do “bom selvagem”, Frontera Verde (2019) é uma produção original da Netflix, em oito episódios, cuja trama, inicialmente policialesca, toma rumos mais profundos, obscuros e instigantes, tendo como cenário a cidade de Leticia, próxima à tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru. O título da série, que tem argumento de Jenny Ceballos, Mauricio Leiva-Cock e Diego Ramírez-Schrempp, encapsula o estado permanentemente limítrofe das línguas, identidades e poderes encenado pelas personagens. No presente trabalho, pretendemos, num primeiro momento, observar como as cosmovisões presentes em Frontera Verde encenam embates culturais e acionam questionamentos políticos, éticos e estéticos de grande relevância para os tempos que vivemos, quando políticas ambientais, disputas territoriais e ameaças a modos tradicionais de viver com o meio estão na ordem do dia. Tal leitura tomará como subsídio principal o tensionamento dos conceitos de fantástico e realismo-maravilhoso, cujas precisões e imprecisões permitem o embaralhamento das ideias de ordinário e extraordinário, de natural e sobrenatural. Por fim, abordaremos brevemente as relações entre representatividade postulando provisoriamente uma definição com base na discussão de representação e sua interface com o fenômeno on demand proporcionado pelas plataformas de streaming. O aporte teórico se baseia, dentre outros, em Roas (2014), Todorov (2014), Chiampi (2013).