O espaço do conceito de “kizomba”

Que a kizomba anda actualmente nas bocas do mundo está claro, mas muitos que a ouvem, que a dançam e que a desfrutam não saberão certamente o percurso que este ritmo trilhou, atravessando vários continentes ao longo de várias décadas ou mesmo séculos. Esta comunicação pretende fazer uma viagem regressiva ao mundo da kizomba, ou seja, analisar de onde veio e a que transformações foi sujeito o produto comercial que dá hoje por esse nome. Nessa medida, tentar-se-á traçar uma rota que remonta ao chamado Black Atlantic e cujos frutos ainda se fazem sentir hoje em dia. Assim, procurar-se-á apresentar em primeiro lugar como o movimento colonial teve influência numa música que brotou em África. Num segundo momento, como este ritmo, enquanto música e dança, foi relocalizado para a Europa, onde se verificou a tentativa de recriação do seu ambiente original, e quais as consequências que daí advieram. Num terceiro momento, observar-se-á como é que se procedeu à divulgação nesse segundo espaço e este passou a funcionar como ponto de partida ou plataforma giratória, projectando este ritmo para outras cidades europeias, consolidando a kizomba não só como género musical, mas também como estilo de dança, a nível global. Esta viagem ao longo do tempo e do espaço só se proporciona pela movimentação de pessoas. Desde o Black Atlantic às migrações actuais, houve muitas contribuições para a divulgação e internacionalização da kizomba.