
Alimentação, sociabilidades e a atuação feminina nas guerras luso-holandesas (1630-1654)
Author(s) -
Elisielly Falasqui da Silva
Publication year - 2019
Publication title -
revista ingesta
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2596-3147
DOI - 10.11606/issn.2596-3147.v1i2p240
Subject(s) - humanities , art , political science
Esta apresentação tem por objetivo explorar as relações entre as práticas alimentares, sobretudo no que diz respeito às redes de sociabilidade envolvidas neste ato, e as atuações das mulheres no âmbito das guerras luso-holandesas, entre 1630 e 1654, na região setentrional do Brasil.
Em um primeiro momento, tomando como base os relatos de cronistas do período, buscarei traçar um panorama das permissões e interdições direcionadas às mulheres luso-brasileiras quanto às práticas alimentares, especialmente aquelas relacionadas à sociabilidade – como a proibição de partilhar o momento das refeições com outros homens que não seus maridos.
Tal panorama será contraposto a dois episódios marcantes da atuação das mulheres no contexto de guerra, ambos relacionados ao ato alimentar: o convite de jantar direcionado por Maurício de Nassau às mulheres que se reuniram em seu palácio pedindo a libertação de uma matrona acusada de conspirar contra os holandeses e condenada à morte, dona Jerônima de Almeida; e o jantar ocorrido na casa da mesma Jerônima, anos depois, no qual supostamente portugueses e holandeses teriam conspirado contra o governo holandês. Em ambos os episódios, o momento da refeição coloca-se como também um momento de encontros, pleitos, disputas políticas e conspirações.
A análise será, por fim, acrescida de outros episódios nos quais o ato de cozinhar ou oferecer alimentos a aliados ou inimigos revela-se como uma das possibilidades de atuação das mulheres dentro do cotidiano das guerras luso-holandesas, sobre as quais avento a hipótese de que teriam aberto novos e diversificados caminhos à iniciativa feminina, não apenas pela mudança brusca da dinâmica social dos envolvidos na guerra, mas também por colocar em contato pessoas com experiências culturais diversas.