z-logo
open-access-imgOpen Access
PROJETOS DE VIDA DE ADOLESCENTES E JOVENS DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO VALE DO MUCURI/MG*
Author(s) -
Eva Aparecida da Silva
Publication year - 2016
Publication title -
cadernos ceru
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2595-2536
pISSN - 1413-4519
DOI - 10.11606/issn.2595-2536.v26i2p88-103
Subject(s) - humanities , art
Este artigo traz informações sobre a pesquisa “Projetos de vida de jovens quilombolas”, financiada pela Fapemig, no período de 2012 a 2014, realizada com adolescentes e jovens das comunidades remanescentes de quilombo Cama Alta, Córrego Novo e São Julião, situadas no município de Teófilo Otoni, pertencente à mesorregião do Vale do Mucuri, Minas Gerais. Nesse estudo pudemos apreender, por meio de três instrumentos de coleta de dados (questionário, entrevista e roda de conversa) a educação enquanto o principal componente na construção dos projetos de vida desses sujeitos adolescentes-jovens. Eles atribuem a ela papel importante na conquista de uma profissão que venha a possibilitar melhores condições de vida para sua família (a dos pais ou parentes mais próximos e aquela que poderão constituir). Muitos deles desejam se tornar professores, veterinários, engenheiros e, para isso, consideram que devem se dedicar aos estudos. O apoio da família também se mostra imprescindível para a efetivação desse desejo. Embora desejem algumas das profissões que conferem status social, especialmente nos grandes centros urbanos, alguns jovens não veem como alcançá-las e, por isso, visualizam atividades que os mantenham no rural, mas com certos privilégios, tais como vaqueiro e fazendeiro. Muitos deles expressam a vontade de, por meio dos estudos e do exercício da profissão escolhida, viver fora da comunidade. Se, por um lado, a educação escolar é tida pelos jovens como meio de obter melhores condições de vida, com o exercício de uma profissão e de saída da comunidade, por outro lado, ela também se mostra um obstáculo à concretização de seus projetos de vida. Essa contradição é percebida na descrição acerca da falta de estrutura das escolas frequentadas, física e de recursos humanos. Eles não têm clareza acerca da possibilidade de uma educação escolar quilombola (Parecer CNE/CEB 16/2012) que articule saberes tidos como universais e saberes que dão ênfase à identidade étnico-racial, à história e cultura da África e afro-brasileira (Lei 10639/2003) e às questões que envolvem território e territorialidade, próprios à condição de negro, rural e quilombola, mas a percepção acerca do descompasso entre o conhecimento escolar e aquele que emerge das experiências cotidianas dessas comunidades.

The content you want is available to Zendy users.

Already have an account? Click here to sign in.
Having issues? You can contact us here