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Contribuição à estratigrafia da série Passa Dois no Estado do Paraná
Author(s) -
Josué Camargo Mendes
Publication year - 1954
Publication title -
boletim da faculdade de filosofia ciências e letras, universidade de são paulo. geologia
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2526-3862
pISSN - 0372-4832
DOI - 10.11606/issn.2526-3862.bffcluspgeologia.1954.121678
Subject(s) - humanities , geography , art
O trabalho versa o assunto da estratigrafia da série Passa Dois no Estado do Paraná, Sul do Brasil. Baseando-se nas próprias observações de campo e no exame da bibliográfia dedicada ao mesmo assunto, o autor analisa a estratigráfia dessa série geológica sob o ponto de vista [aciológico. Resume as pesquisas prévias, discute a posição da série Passa D ois, a sua espessura, tectônica, litologia, conteúdo paleontológico, idade, correlação, etc. N a parte dedicada ã paleontologia descritiva, apresenta uma revisão da nomenclatura anterior dos Lamellibranchiata e descreve o material ocorrente no Estado do Paraná, propondo dois gêneros novos e 4 espécies novas. Acompanha-se o trabalho de secções geologicas, ilustrações dos fósseis, etc. A série Passa Dois, um pacote de sedimento de larga distribuição geográfica na bacia sedimentar do Paraná (Estados de Goiás, M ato Grosso, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no Brasil; Uruguai e Paraguai), atinge no Estado do Paraná espessuras de até varias centenas de metros. Consiste em sedimentos dominantemente elásticos (siltitos e arenitos finos) e, em muito menor escala, em leitos delgados de calcário e de silex. O pacote é fossilifero, sendo abundantes restos de plantas ( Glossopteris, Pecopteris, Phyllotheca?, etc.) moldes ou substituições de conchas de lamelibrànquios, impressões de conchóstracos, ostrácodes, escamas e dentes de peixe, etc. N os sedimentos da porção basal são freqüentes restos de um pequeno réptil (Mesosaurus). A série Passa Dois descansa sobre a série Tubarão, aparentemente sem discordância; é sucedida, porém, pela série São Bento, sob discordância. Esta última é de idade mesozóica. A sua designação foi proposta por I. C. W hite em 1908; entretanto os autores subsequentes emprestaram a mesma interpretações diversas. N o presente trabalho adota-se a classificação de M . Gordon Junior, proposta em 1947 D e acordo com essa classificação a série é assim dividida: \ „ „ f Membro Morro Pelado tormacão Rio do Rasto j Série P as- I sa Dois Formação F^trada Nova I ^ em^ro Terezina j tLstrada Hova | Membro Serra A[ta [ Formação Irati Essas três formações no conceito aqui esposado correspondem a fácies maiores de comportamento variavel no espaço. O que Gordon Junior distingue como membros são subfacies. A formação Irati caracteriza-se, litològicamente, por folhelhos pirobetuminosos com nódulos de silex e, às vezes intercalações de leitos de calcário; paleontològicamente os fósseis característicos são restos de esqueletos de um pequeno réptil natante (Mesosaurus brasiliensis Mac Gregor) e crustáceos pertencentes a gêneros indígenas (Liocaris, Pygaspis, etc.) A formação Estrada Nova consiste numa seqüência de siltitos de côr dominantemente cinzenta e estratificação regular. São freqüentes intercalações de calcário e silex. Ocorrem a miudo, faixas de ripple marks e uma estrutura rítmica com alternância de leitos delgados de siltito e de argilito. Paleontològicamente, esta formação caracteriza-se, sobretudo, por associações de lamelibrãnquios peculiares. Distinguem-se dois subfácies principais: I) fácies Serra A lta, caracterizado por siltito escuro, bem estratificado, com nódulos de calcário, êstes contendo pequenos lamelibrãnquios (Maackia contorta Mendes, gen. et sp. n. e Kidodia? expansa M endes, sp. n.); II) fácies Terezina, caracterizado por siltito cinzento de estratificação regular, freqüentes faixas de ripple marks, e interposição de leitos de calcário, comumente oolítico, e de silex, contendo uma associação peculiar de lamelibrânquios (Pinzonella neotropica, Jacquesia brasiliensis, etc.). A formação Rio do Rasto consiste em uma seqüência de siltito e arenito fino, em que os elementos psamíticos ganham maior importância em comparação com a formação Estrada Nova; a estratificação também é menos regular. Distinguem-se, igualmente, dois subfácies: I) fácies Serrinha, caracterizado por siltito cinza esverdeado, banqueado, com acentuada decomposição esferoidal e contendo uma faúnula de lamelibrãnquios peculiar (Leinzia similis, Terraia altissima); II) fácies Morro Pelado constituído por arenitos finos, siltitos e argilitos de côres vivas, acunheados, apresentando lamelibrânquios e conchóstracos igualmente peculiares (Palaeomutela? platinensis, Euestheria langei Mendes, etc.) A inclinação regional das camadas da série Passa Dois é pequena, da ordem de poucos metros por km como sóe acontecer com os sedimentos em geral da bacia do Paraná; perturbações locais, com inversões de mergulho, falhas, anticlinais são observáveis em estreita relação com ocorrência de eruptivas básicas de idade mesozóica. O relevo dos terrenos constituídos de camadas Passa Dois, em geral, é suave. A idade dessas camadas, com base paleontológica, é Paleozóica Superior e provavelmente Permiana. O s argumentos em prol dessa cronologia são a presença de vegetais do tipo lepidofítico (Lycopodiopsis Derbyi, Sigillaria) do gênero Gangamopteris, flora em conjunto evocando a da série Damuda da índia; presença de Mesosaurus e de Leaia, etc. O conhecimento da flora e da fauna, porém, ainda é relativamente incipiente. Quanto ao ambiente da sedimentação, tudo indica tratar-se de sedimentos aquosos, depositados em bacia extensa e aparentemente calma e rasa; ou ainda que o país circundante tivesse sido bastante plano, dada a prática ausência de rudáceos. Não ocorre nenhuma associação faunística decisivamente marinha. Autores prévios referiram, contudo fósseis pertencentes a grupos de habitat marinho; procurou-se demonstrar neste trabalho que essas determinações foram enganosas. O modo de ocorrência de lamelibrânquios, inúmeros indivíduos e pouca variedade de espécies, é o próprio dos depósitos continentais. A s novas entidades de lamelibrânquios descritos são as seguintes; Maackia gen. nov. Maackia contorta, sp. n. Kidodia? expansa sp n. Barbosaia? gordoni sp. n. Oliveiraia gen. nov. (Genohol.: Thracia pristina Reed) Terraia lamegoi sp. n. Terraia? erichseni sp. n.

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